AUTOR: Mario Bellatin
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2003
ANO DA EDIÇÃO: 2012
EDITORA: Cosac Naify
PÁGINAS: 128
Se você procurar sobre o autor, vai ver que ele tem ligação com esse design, e não estou falando do fato de Bellatin não ter um braço, mas sim do quão pirado ele é como escritor. Na verdade a sua condição tem a ver sim com a questão, porque possui relação direta com algumas de suas tramas, é até o que usam de argumento quando veem o livro “faltando pedaço” e eu aposto que ele aprovaria muito se visse a sua obra nesse jeito.
Vamos falar sobre a história. O conto (sim, porque seriam 22 páginas em um livro normal) é sobre um homem paraplégico em sua cadeira que controla 30 pastores belgas de um jeito formidável só com barulhos esquisitos que saem de sua garganta. Conhecemos sua história nessa casa onde também moram sua mãe, irmã e enfermeiro-treinador, que tem tanto a função de deixar os cães em forma quanto amparar o velho. Ah, aparentemente, essa trama é um análogo da futura situação da América Latina.
Se me perguntarem o que eu entendi, eu responderei que nada, mas eu gostei de lê-lo. O conto tem um clima tenso e provoca vários pensamentos e interpretações do que está acontecendo, a começar pela representação dos personagens, o fato de existir 30 cachorros sendo 31 países na América Latina, o que quer esse homem, sua mãe e irmã fazedoras de sacos plásticos que fogem assim que podem da sua visão, e o seu enfermeiro, que gosta dos pastores belgas e cuida deles de graça para um projeto da sua faculdade de veterinária. Conforme o narrativa anda, você vai descobrindo de forma não linear a vida do protagonista, sua relação quando criança com um garoto de dez anos que fazia histórias sobre cães heróis (checando a wiki do Mario, vê-se que essa criança era ele mesmo) e do seu possível plano de dominação mundial botando seus cachorros matadores dentro de uma nave.