Autora: Agatha Christie
Editora: Globo Livros
Ano: 2014
Páginas: 400
“E Não Sobrou Nenhum”, anteriormente publicado como “O Caso dos Dez Negrinhos”, traz a história de dez pessoas, sem nenhuma conexão, que são convidadas para a Ilha do Soldado. Todos aceitam, embora não tenham certeza sobre o motivo do convite e muito menos quem de fato os convidou. Mistérios... Para por aí? Claro que não. Coisas estranhas acontecem no local. As pessoas começam a morrer misteriosamente e, a cada pessoa que morre, um soldadinho de porcelana é retirado (também misteriosamente) da mesa de jantar, o que dá um clima de contagem regressiva meio macabro. E as mortes ocorrem de acordo com uma cantiga infantil: Dez soldadinhos saem pra jantar, a fome os move; um engasgou, e então sobraram nove (...) Olhando assim parece até inofensivo, tem rima, é fofo até, mas não para nossos dez confinados.
Agora imagine você dentro de uma casa com pessoas que nunca viu na vida, e o sentimento da morte iminente rondando. Obviamente, após constatarem que os “acidentes” não são mera coincidência, o clima de desconfiança entre o grupo atinge níveis altíssimos. Assim como eles, desconfiei de quase todo mundo e fui muito otária, o que é ótimo, porque descobrir as coisas antes da hora não é legal. Confesso que fui bem influenciada pelos argumentos de certos personagens...
Aliás, sobre personagens, adorei!!! Agatha traçou o perfil de cada um com uma/duas páginas. Isso mesmo, enquanto uns levam umas vinte páginas só para fazer com que vocês se conheçam, ela fez isso de forma rápida e eficiente. A primeira parte é dedicada inteiramente a isso, mas não como uma ficha técnica ou com uma adjetivação excessiva deixando tudo na cara, claro que não. Somos apresentados aos dez enquanto eles fazem sua viagem até a ilha e assim vamos acompanhando seus pensamentos, daí já dá para ter uma boa noção de quem é bacaninha, encrenqueiro e quem faz a linha bela, recatada e do lar. É dessa forma também que descobrimos quais “motivos” os levaram a aceitar o tal convite. Essa rapidez me conquistou na hora, porque vocês sabem, ODEIO quando autor me enrola e fica rodando em círculos.
Eu demorei um pouquinho nessa leitura (uns sete dias) porque tenho dedicado meu tempo aos estudos para o vestibular, mas, caso a sua rotina permita, esse é um livro que, apesar de ter quatrocentas páginas, pode ser lido em até um dia, se você for bem louco. Sério, é MUITO rápido. Os capítulos são bem curtinhos, alguns não chegam nem a ter meia página, a linguagem é simples e a autora não vai ficar te enrolando, até porque, como são dez mortes, sempre rola uma agitação. As folhas passam voando e você nem sente. A expectativa de quem vai ser o próximo a morrer também te ajuda muito, e, claro, a investigação em si. Ter acesso ao poema e saber a forma que a próxima vítima seria pega foi muito bacana, mas não saber quem ou quando deu uma aflição enorme. Algumas resenhas chamaram isso de “suspense”. Eu não vou por essa linha porque não acho que o foco seja esse, mas entendo a ideia, já que fiquei meio tensa por alguns ali e não queria que fosse a hora deles.
Já estava de olho em “E Não Sobrou Nenhum” há um tempinho, mas estava esgotado em alguns locais e com um preço meio salgadinho em outros. Ainda bem que não desisti da compra, pois estaria perdendo um ótimo livro. Adorei!!! Para quem curte o gênero policial, acredito que seja uma ótima opção. E para aqueles que desejam conhecer o trabalho da autora, que tem oitenta romances publicados, acho que essa obra pode ser uma boa porta de entrada.