Autores: James Frey e Nils Johnson-Shelton
Editora: Intrínseca
Ano: 2014
Páginas: 504
Assim como em Battle Royale, aqui o que ocorre é um jogo, do qual os participantes são jovens lutando por sua sobrevivência (a princípio) em uma floresta. Como elementos de Os Legados de Lorien (a saga iniciada por Eu Sou o Número Quatro) podemos ver aliens, o risco iminente de destruição da Terra, umas pedrinhas que James insiste em enfiar nas histórias, os jogadores representando suas linhagens que eu associei aos "números" da já conhecida garde e claro, alguém burro e apaixonado que nada tem a ver com a coisa no meio dessa loucura toda. Sendo assim, no quesito criatividade, a obra perde uns pontinhos.
O livro é narrado em terceira pessoa do ponto de vista dos jogadores. Cada capítulo, um personagem, o que é interessante para conhecer a personalidade e estratégia de cada um. (Outra semelhança com Batalha Real...)
Contudo, eu gostei da desculpa que deram para a criação do tal Jogo. É que o Evento está chegando. Evento esse que destruirá nosso planeta. Reza a lenda que é porque não estamos cuidando direitinho dele e passamos dos limites (é um motivo coerente vai, tá uma bosta mesmo isso aqui). Sendo assim, eles querem acabar com tudo e começar do zero, mas, para isso, os criadores (também conhecidos como Aliens, Povo do Céu, Deuses ou whatever) precisarão de alguém para tomar as rédeas das coisas e ajudar a construir a civilização novamente. Quem? Isso mesmo, o jogador vencedor e toda sua linhagem.
Outro ponto positivo e que me surpreendeu, foi que a ação da obra logo dá as caras. São quinhentas páginas, uma trilogia e eu esperava que os autores fossem enrolar até a morte, como ocorre na maioria das vezes, mas não nesse caso. Em nenhum momento achei a leitura parada e as únicas partes que considerei desnecessárias foram os romances fora de hora. PELO AMOR DOS DEUSES, VOCÊ TÁ LÁ DECIDINDO O FUTURO DE UMA GALERA mas para pra dar uns beijinhos e se apaixonar perdidamente por um mocinho ou mocinha que você conhece há menos de duas semanas. Não dá para levar muito a sério.
As cenas de lutas são interessantes, todos eles são super treinados por anos coisa e tal. Não fiquei tensa rolando no chão/sofá a ponto de querer morrer como já ocorreu em outras leituras, massss elas são boas e em momentos pertinentes. Só senti falta de mais mortes, o que é meio sádico, eu sei.
O jogo não fica só numa arena ou coisa do tipo, ele ocorre no mundo todo e os participantes precisam encontrar dicas espalhadas por aí para achar as chaves, por conta disso, alguns personagens somem por um tempo, não tendo um papel tão importante na narrativa quanto os outros, mas como se trata de uma trilogia, acredito que nos próximos livros eles devam ganhar um destaque maior.
Sobre a escrita, a única coisa que me incomodou foram os capítulos de An. An tem um tique, e os escritores acharam que seria uma boa ideia retratar isso dessa forma: Hoje eu pisca eu acordei TREME acordei piscaTREMEpisca e comi piscapiscapiscaTREME comi uma pisca uma maçã TREMETREMETREME.
ACHEI EXTREMAMENTE IRRITANTE NÃO DAVA PARA LER DIREITO. Tudo bem que de alguma forma isso deveria ser passado, mas precisava disso tudo?! Ainda bem que eram partes curtas.
O livro tem uma jogada de marketing impressionante. O Endgame é real. Os leitores podem seguir as dicas espalhadas pelas páginas e desvendar o enigma. O leitor que conseguir ganha nada mais nada menos que US$ 500.000. Isso é sério gente... Os links no final levam a documentos, coordenadas, youtube... Não conferi site por site pois tive preguiça (são informações extras que não têm importância para a narrativa em si) mas a estratégia tem claramente funcionado, pois em um vídeo no youtube encontrei diversos comentários do tipo: Endgame me trouxe aqui. Endgame. Endgame, o Evento está chegando, etc etc. Parabéns a todos os envolvidos.
O segundo volume já foi lançado com o subtítulo de A Chave do Céu. E apesar de algumas coisinhas terem me incomodado no primeiro volume, eu sou trouxa e pretendo ler a continuação. Pretendo também assistir ao filme, que já teve os direitos para a sua realização comprados, mas só Deus sabe quando sairá. Há boatos também de uma série, olha aí, ninguém está para brincadeira não.
Eu gostei da leitura, mas o fato de que já tinha visto muito dessa trama em outros locais e os romances típicos dos YAs (que muito têm me irritado ultimamente) fizeram com que eu não gostasse TANTO assim. Porém, Endgame funciona muito bem para a proposta que tem. Ainda não vi o sucesso da coisa aqui no Brasil a nível de Jogos Vorazes, Divergente ou A Seleção, mas acredito que com o lançamento do filme isso possa mudar, porque Endgame tem todos os elementos para dar certo com esse público.