
Autor: Valter Hugo Mãe
Editora: Cosac Naify
Ano: 2012
Páginas: 208
O combo aumenta com o fato de que O Filho de Mil Homens é um dos livros mais lindos que eu já li, e digo isso em todos os aspectos possíveis: A estória é linda, a escrita é linda, os personagens são lindos, o livro todo é lindo gente (tô parecendo uma garotinha agora, mas nem ligo). Quando penso em como apresentar Valter Hugo Mãe para as pessoas, só consigo dizer que é como se o Paulo Coelho largasse de falar daquela religião dele e falasse de uns assuntos mais sérios começando a escrever no nível OH-MY-GOD-I-DONT-BELIEVE-HOW-SOMEONE-CAN-WRITE-THAT-WAY.
Só que temos que apresentar o livro também e aí entro num dilema. Esse foi um dos livros que comecei a ler sem saber a sinopse e foi muito interessante não ter ideia do que estava por vir. No começo da leitura, cheguei a achar que eram contos e não um romance e precisei ler parte da sinopse para ter certeza. Contudo temos que falar alguma coisa, então vamos lá: No primeiro capítulo conhecemos Crisóstomo, que chegou aos 40 e ainda não tem um filho (mas deseja ter) porque os amores da vida o desapontaram. No segundo capítulo, conhecemos uma anã que vive numa comunidade onde todos a tratam como uma criança por causa de seus inúmeros problemas. No terceiro, somos apresentados à família de Isaura e chegamos à vida dessas pessoas no momento em que a mãe, Maria, pega uma doença que a faz ter sotaque francês.
Todas essas histórias se entrelaçam durante a narrativa forma muito natural, Mãe cria personagens incríveis, todos com seus defeitos e sofrendo com os preconceitos da sociedade. Ele trata o tema do preconceito de uma forma muito palpável, a dor dos personagens é sentida na sua pele e você percebe o quanto essas situações podem ser reais, mesmo o livro tendo uma aura mágica a sua volta, muito pela escrita do autor.
Valter escreve do jeito que as pessoas chamam por aí de “escrita poética”. Já vi muita gente falando de um monte de escritor que tem essa habilidade misteriosa de fazer seu texto parecer poesia, mas nunca encontrei neles a leveza, o ritmo e a bela escolha de palavras que há no poema, acho que as pessoas que falam isso por aí nunca leram poesia. Porém, com Valter Hugo eu realmente sinto essa mistura de prosa e poesia dando vida a algo completamente diferente, as metáforas são ótimas, as formas que as frases são construídas é muito diferente e até quando ele repete a frase você sente o novo peso que ela ganha, como a entonação de um poema.
Já falei da qualidade da edição lá em cima né, Cosac era essa beleza de se ver e se sentir também, livro lindão com uma capa que vai de orelha a orelha fazendo um mosaico impressionante, a diagramação do livro também é diferente, ele dá uma margem grande para o lado de dentro e a parte de baixo da página e quase nada no topo e a parte de fora, super charmoso. Enfim, compre, leia, se emocione, ame Valter Hugo Mãe.