Autor: Charles Bukowski
Editora: L&PM Pocket
Ano: 2000
Páginas: 240
Bukowski era mestre nessa arte (a de beber) e foi graças à vontade que isso gera de expelir as coisas que ele virou um grande escritor e obviamente referência para todas as pessoas da face da terra (pelo menos as que têm bom senso).
Hollywood é um dos livros autobiográficos do Velho que ele finge não ser, mas não se esforça muito para disfarçar. E nesse volume de sua vida, Chinasky é convidado por um diretor para fazer um roteiro, sem qualquer tema ou interferência, pelo simples motivo de que ele gosta do que Chinasky escreve. Nosso amigo beberrão primeiramente ignora o diretor por achar que o cinema é um mercado de vendidos, mas depois acaba topando fazer o tal roteiro.
O livro passa por todo o processo de se fazer um filme: contratação dos atores, levantamento de verba, dias de filmagem e tudo mais. Porém, como tudo na vida do Bukowski, essa tarefa não podia ser mais difícil. Problemas sérios com produtores, gente ficando doida no meio da filmagem, roubos, e tudo isso regado a muita bebedeira e festas.
Bukowski critica forte e continuamente como a indústria do cinema funciona, dando uma altíssima prioridade a fazer dinheiro antes de fazer boa arte, fala também sobre o modo como os atores agem e o quanto são mais bem pagos que os roteiristas (que realmente criam a obra) e como esses mesmos roteiristas são os menos lembrados em uma produção cinematográfica, entre outros vários defeitos que o cinema hollywoodiano tem, embora no decorrer do livro ele vá se sentindo cada vez mais hipócrita ao falar dessas coisas.
O humor do mestre está afiadíssimo nesse livro, contando pequenos causos de outras pessoas e explorando mais seu lado apostador de cavalos, chegando a explicar sistemas e refletir sobre o que faz ele ainda ir às corridas. Os personagens são inacreditavelmente malucos e às vezes você pensa se isso realmente aconteceu ou se partes como a do galinheiro são apenas invenção do Velho Safado.
Quase toda obra do nosso velinho beberrão preferido é publicado pela LP&M pocket, e esse livrinho não foge a regra, então não espere a melhor qualidade gráfica do mundo. O papel é offset (aquele branco que quase nenhum livro normal usa atualmente) e a letra é pequena, mas a ótima história que te espera vai fazer você nem notar essas coisas, entre na vida desse maluco sem medo.