Autor: Haruki Murakami
Editora: Alfaguara
Ano: 2014
Páginas: 328
Porém, não estamos aqui para falar do blog, e sim do escritor mais pop (só que não) do momento: Haruki Murakami! Vou dizer para vocês, assim como o DiCaprio venceu o Oscar esse ano, o Nobel não escapa das mãos do japa. Eu sei que o Brasil está torcendo para a Lygia Fagundes Telles, pelo menos as 26 pessoas que se interessam pelos assuntos do Nobel, mas não tem jeito: a quebra da maldição de um é a quebra da maldição de outro. Metade dos memes literários vão acabar com isso, pena.
Falaremos então sobre o livro da vez: Tsukuru Tazaki costumava andar com uma galerinha daora na época do colégio, mas alguns meses depois de ter saído de sua cidade e ido para faculdade em Tóquio recebeu uma mensagem dizendo que ele estava cortado do grupo e isso o deixou arrasado. Agora, aos 36 anos, e depois de muita pressão da atual “namorada”, vai atrás de todos os ex-amigos para saber o que aconteceu naquela época e o porquê de ter sido cortado do grupo daquele jeito.
O livro já começa forte, com Tsukuru falando de sua vida logo após a noticia de seus únicos amigos, e narra sua experiência flertando com o suicídio e sua transformação em outra pessoa. A escrita do Murakami é muito mais nos seus jogos com o roteiro do que na forma em si, no geral ele é sucinto, tem um pouco de gordurinha adjetiva no texto, e uma das coisas que eu não entendi foi a forma como ele fez os capítulos: pareciam saídos de folhetins, eu realmente não sei se a obra foi publicada em partes antes e depois compiladas num livro, mas alguns começos de capítulos reiteravam o que tinha acabado de acontecer no anterior, e um chegou a repetir a mesma frase do final do capítulo passado, achei isso meio bizarro e com certeza quebrou o ritmo da minha leitura.
Murakami cria uma personalidade muito interessante em Tsukuru: ele é tímido e recluso, mas parece ser a pessoa mais confortável do mundo para se conversar, já que tantos personagens se aproximam dele por conta própria, como Haida, seu único amigo durante a faculdade, e todas as garotas com quem ele já ficou. Tudo isso parece bater com duas características postas no livro, que são o fato de todos os personagens do livro terem uma cor no nome, menos Tsukuru (por isso ele é o incolor), e isso aparentemente é o que explica a sua personalidade mais apática em comparação às outras pessoas, e o fato de que o sonho e emprego do nosso herói é ser construtor de... estações de metrô. Tem de tudo nessa vida né gente, e como extra ele também gosta de ficar sentado na estação vendo o fluxo dos trens e das pessoas indo e vindo, assim como acontece na sua própria vida.
Murakami levanta várias perguntas e deixa muitas sem resposta, consegue jogar com o plot de uma maneira muito engenhosa, brincando também com o sonho e a realidade como nós esperamos dele, porém esse é um dos livros mais realistas do japa, sem nenhum elemento fantástico explícito. O acabamento da Alfaguara não deu aquela faixa que faz parecer que todos os livros da editora pertencem a uma coleção só, além de a fonte desse livro ser maior do que a dos outros, o que eu particularmente gostei. A capa é uma das melhores e condiz muito com a história, e se você quiser ler o futuro Nobel desse ano é melhor ir correndo comprar o seu exemplar.