Autor: Pierre Boulle
Editora: Aleph
Ano: 2015
Páginas: 216
Falo isso porque no dia que comprei este livro, fiquei em dúvida entre ele e Jurassic Park, mas o corte de moleskine me fez comprar a obra em análise de hoje (sim, livro pra mim tem que ser bonito também, não que o JP não seja... enfim, falo mais disso em outro post), mas eu já estou enrolando demais aqui. Comecemos a falar desse petardo da ficção científica chamado Planeta dos Macacos.
Todo mundo já está careca de saber a sinopse da bagaça: em uma viagem espacial navegando de boas por aí, um casal encontra uma garrafa com vários papéis dentro que contém a história do jornalista Ulysse, que se aventurou no espaço com outros dois cientistas e encontrou um planeta onde os macacos governavam, e os homens eram animais irracionais (tá, não é muito igual a do filme, e talvez vocês não soubessem de uma coisa ou outra, mas sabiam onde isso ia dar né?!).
Essa é, obviamente, a primeira pergunta a se responder: afinal de contas, o que é melhor, o filme ou o livro? E a resposta é: eu não sei, porque eu só lembro o final da adaptação hahahaha (falo da de 68, que, aliás, tem um desfecho diferente da obra original), contudo eu já vi por aí que as opiniões são bem dissidentes, nenhum dos dois lados tem unanimidade.
Um total mérito do autor são as discussões levantadas. Através dos macacos, ele aponta vários problemas existentes nos seres humanos. Como quando retrata a total crença deles de serem a raça superior de seu planeta e por isso se acharem no direito de caçar a raça inferior (que nesse quadro são os humanos), fazendo testes com eles a rodo e os usando como animais de estimação, coisa e tal. Outra questão vem com as “castas” dos macacos: gorilas são os homens do trabalho pesado; chimpanzés são cientistas, artistas e são aqueles que têm a mente mais aberta; enquanto os orangotangos são os velhos acadêmicos babões repetidores de frases e conceitos de sempre.
Esse se torna o ponto principal do livro. Enquanto o orangotango Dr. Zeius refuta a possibilidade de existir um humano inteligente, a Dra. Zira e seu marido tentam provar que Ulysse tem a mente tão aguçada quanto à dos macacos, e a partir desse ponto começa um debate sobre o mal que os dogmas científicos, a perpetuação de conceitos ultrapassados e a necessidade dos acadêmicos em manter tudo hermeticamente igual e canônico, podem causar na evolução de uma espécie.
No mais, a linguagem de Boulle é algo super padrão, nada que favoreça ou desfavoreça a obra, a edição da Aleph está super linda e o final do livro é mais melancólico que o do filme, talvez porque seja algo que vá acontecer inerente a qualquer vontade. E fica o apelo: parem de ver esses filmes de indústria ridículos que estão fazendo hoje em dia e conheçam o original.