
Autor: Irving Wallace
Editora: BestBolso
Ano: 2008
Páginas: 854
A obra de Wallace fala sobre assuntos como censura, liberdade sexual e o tabu acerca do sexo. Sendo assim, você já deveria largar isso aqui, abrir uma aba no seu computadorzinho e comprá-lo. Porém, digamos que isso ainda não tenha sido o suficiente, falarei então de outros pontos que tornam essa obra uma das melhores coisas que eu já li.
Pode parecer spoiler para alguns o que eu direi agora, mas juro que não é. Está em algumas sinopses espalhadas pela internet e não prejudicará em nada a sua leitura. Dado o aviso, vamos lá: o caso parece simples de início, mas ganha grandes proporções quando Jerry Griffith estupra uma menina e alega que foi influenciado pelo livro (o fictício) a cometer tal crime (pode isso?! por favor né). A acusação é uma aliança formada por fortes interesses pessoais e políticos, com figuras super importantes para a comunidade e se aproveita do crime de Jerry para embasar seus argumentos, complicando a vida do advogado Mike Barrett, representante de Ben Fremont, o livreiro.
O lance de empurrarem Griffith como VÍTIMA do livro quase me fez vomitar, mas para isso tínhamos Mike tentando provar que as palavras impressas de J J Jadway não tinham nada a ver com isso. O julgamento acaba não sendo somente sobre um vendedor distribuindo material obsceno, mas também sobre as intenções do autor por trás da obra e acaba levantando a questão da liberdade de expressão. Até a Igreja decide se meter na coisa, aí já viu né: mais polêmica.
O livro (o fictício) que fora banido nos anos 30, retornara aos holofotes muitos anos depois e continuara sendo mal visto pela sociedade. E sabe o que me pareceu? Que parte do choque de todos vinha do fato de ser uma mulher falando sobre sexo abertamente. NOSSA QUE PROBLEMÃO NÉ GENTE? INACEITÁVEL MESMO. Por abordar essa questão, mais um pontinho para Irving.
A narrativa cresce, novos eventos vão surgindo e a história é cheia de reviravoltas como toda boa investigação deve ser. Você se sente tão desafiado quanto a defesa e acaba imaginando alternativas para sair daquela situação. Consegui me envolver completamente. Senti raiva, fui trouxa, fiquei feliz, frustrada, quis jogar o livro longe, gritar, fazer protesto nas ruas, me rasgar todinha de nervoso. Aí você me pergunta: você está louca querida? Não, meus amigos, isso é apenas um sinal de uma leitura excelente.
Li uma resenha onde diziam que as páginas iniciais eram muito paradas e chatas. Na minha opinião foi tudo lindo. Obviamente, o ápice da coisa toda é o tribunal, mas até lá não me vi entediada em nenhum momento.
Os personagens são muito bem construídos. Ninguém está ali por acaso, todos têm o seu papel e não houve nenhuma ponta solta quanto a isso. Achei que seria relevante destacar os que mais gostei: não é, porque eu colocaria quase todo mundo nessa lista.
O autor faz descrições bem minuciosas, mas sem ser maçante e os capítulos são gigantes, o que para muitos atrasa a leitura. Comigo deu tudo certo gente, só amor. Vale dizer também que as falas costumam ser muito longas, o que eu adorei. Todo mundo sabe que conversinha jurídica pode ser muito chata e com uns termos complicados, mas não pensem que isso ocorre aqui pois não ocorre, fiquem tranquilos.
Eu imaginei que o livro seria muito bom, mas jamais pensei que chegaria ao nível que chegou. Wallace criou uma trama bem amarrada que em nenhum momento perde seu ritmo. Com suas cenas do julgamento, argumentações bem fundamentadas, personagens sólidos, assuntos atuais (embora escrito em 1969), tabus sendo abordados e um final surpreendente, Os 7 Minutos foi, não à toa, consagrado como um clássico da literatura norte-americana do século XX. Na minha opinião, todos deveriam ler. São 850 páginas (na edição de bolso) e eu sei que isso pode assustar, mas garanto que vale a pena. Muito mesmo!!! COMPRA POR FAVOR!!!!