Chegamos na segunda parte da pequena resenha da revista, que infelizmente demorou mais do que eu gostaria porque tive alguns contratempos (só para vocês terem uma ideia, era para esse negócio sair na semana seguinte a primeira). Nada que não possamos seguir em frente! Como aviso, digo que a primeira parte foi resenhada aqui e todas as críticas possuem spoilers, para que vocês deixem de ser preguiçosos e leiam a revista DE GRAÇA aqui. Sem mais dúvidas, vamos às análises.
6 – Três Dedos, por Daniel Cúrio
O conto de Cúrio é provavelmente o maior da revista, ou pelo menos eu senti que foi o mais longo. Ele mantém o ritmo calmo durante boa parte, construindo a história com paciência, sem muitas surpresas e até com um certo nível de clichê típico dos faroestes hollywoodianos. Um conto legal, mas, tirando a boa criatividade para os nomes, nada que realmente chame a atenção.
7 – Bang, por Jefferson Figueiredo
Justamente no conto do editor da revista, aparece um erro bizarro de falta de revisão. Jefferson comeu palavra do texto e trocou a letra de outra logo no primeiro parágrafo, assim não dá para defender. Porém, tirando isso, é um dos grandes contos da edição. Jefferson emula no conto o que poderia ser um curta do Tarantino, usando personagens que, justamente por suas poucas características descritivas, te lembram automaticamente da dupla dinâmica de Django Unchained e a montagem do conto numa ordem aleatória de tempo, mas bem encaixada, te faz entender perfeitamente o que está acontecendo no final. Jefferson também pontua todo final de parágrafo com Bang, um recurso usado por autores como Mutarelli e Vonnegut, só que com a função bem particular de te confundir e se perguntar quando os tiros realmente vão ser dados, trazendo toda a tensão para o último bang.
8 – O Coiote Metálico, por José Roberto Vieira
O conto em questão é diferente por vários motivos: primeiro que não é só de faroeste, mas também de ficção cientifica, de um daqueles não-sei-das-quantas-punk da vida. Cada parte é introduzida pela “cor” predominante da cena e pela música de fundo, algo que eu nunca vi e tornou o conto bem cinematográfico. O problema foram as motivações e reações (assumidamente) bobas de cada personagem, caçar dois seres que podem te matar por causa de um nome é algo que eu nem consigo ver como motivação.
9 – John Mcloving e a Vendeta do Ventríloquo Careca, por Mickael Menegheti
O conto de Mickael, envolvendo a realidade paralela do José Serra, é provavelmente o mais divertido da revista. Tem momentos engraçados e ação muito bem narrada e essa fusão entre Brasil e velho oeste rendeu sacadas com nomes que eu gosto muito. Eu diria que é essência do que a revista prega: ação, armas, plot twists e diversão. Talvez por isso, também acho que foi a melhor da revista.
10 – O Forasteiro Sem Nome, por Murilo Reis
O conto de Murilo é rápido, talvez até demais. E o engraçado é que dava para encurtar ainda mais, porque o primeiro parágrafo não serve para nada, fora os adjetivos extras para coisas que não tem muita importância na trama, como o estado do saloon/hotel/restaurante e os dentes de João. Porém, a habilidade de Reis em contar a sua história com poucos elementos deve ser destacada, porque o fez com maestria, estabeleceu o elemento necessário para se entender a vingança e ela foi prontamente cumprida, um conto rápido e rasteiro.
A revista ainda tem um bônus no final, que eu não vou contar aqui para você ficar curioso e checar, caso você tenha chegado até aqui sem ler um conto sequer. Eu parabenizo os editores da Pulp Fiction por essa iniciativa que não deve ser de graça e que, pelo contrário, não estão ganhando nada com isso. E que a revista tenha vida longa para eu continuar resenhando aqui. Esperemos a numero 3 chegar em nossas mãos virtuais, amigos.