AUTOR: John Banville
ANO DE LANÇAMENTO: 2005
ANO DA EDIÇÃO: 2014
EDITORA: Biblioteca Azul
PÁGINAS: 227
O senhor Banville é um cara muito badalado pelo mundo literário afora (menos por aqui, claro), tem alguns dos maiores prêmios da literatura, como o Franz Kafka e o Princesa de Asturias, prêmios que só são menores que o Nobel, onde o escritor, aliás, é forte candidato nas listas de apostas. Também roubou (numa injustiça que não consigo pôr em palavras) o Man Booker Prize de Não Me Abandone Jamais, do Ishiguro, com esse livreco furreca. Alguns fãs do autor dizem que só ganhou pelo conjunto da obra, e não pelo livro em si, mas não me importa, porque eu não li os outros livros dele ainda.
Mas chega de reclamar e vamos trabalhar, começando pela sinopse: Max Morden é um crítico de arte idoso que acabou de perder a esposa, então resolve voltar para o lugar onde viveu na sua infância, Ballyless, local imaginário na Irlanda. Nessa brincadeira ele lembra de uma família bem esquisita que ficava por lá durante o verão, os Grace, e seus momentos com essa família. Também fica refletindo sobre a vida com sua esposa, seu estado e de sua filha no momento e blá blá blá.
Dá para ver que é uma sinopse bem fraca, gente lembrando da vida nunca parece ser grandes coisas para dar um livro, mas é óbvio que isso é um ledo engano e o que importa é o que está dentro das páginas. E olha que a primeira página faz desaparecer todo essa negatividade. Para mim, se você tem esse livro, deveria arrancar essa primeira página, emoldurá-la e usar esse monte de folha para outra coisa, seja como peso de papel ou para ajeitar o equilíbrio de uma cadeira, sei lá, porque toda a beleza poética da começo some e inicia-se o relato do homem amargurado que teve uma virada na sua vida com suas lembranças de coisas antigas para o autor tirar metáforas e mudá-lo no presente. Essa estrutura já me encheu o saco, e todo livro que tenta se garantir nela anda me dando nos nervos.
O problema é que ele não traz nada de novo. É um roteiro com certa sustança, porém maçante e chato, é notável que o autor tenta imitar o “movimento do mar” ao alternar os lugares temporais da narrativa com maior ou menor intensidade, como uma praia selvagem onde as ondas vão e voltam, mas é uma beleza estética que não faz muita diferença na narrativa em si, diferente de outros bons autores que sabem utilizar a técnica escrita para contar uma história, e não simplesmente separar uma coisa da outra. O que acaba tentando fazer a leitura valer é o plot twist do final, mas isso é só uma pequena gratificação para quem aguentou o livro todo, a meu ver não vale a pena.
O projeto gráfico da Biblioteca Azul é o que mais salva o livro. Uma capa lindíssima, qualidade interna boa como sempre, papel pólen, e como vocês já sabem de tudo isso, vou julgar o título aqui em dois segundos: acho que está entre os piores de todos os tempos, não é possível que alguém no século 21 não tenha capacidade de pensar em algo melhor que O Mar, ou A Aranha, ou O Homem, ou A Casa Assombrada (sim sobrou até pro John Boyne, que tem uns títulos maravilhosos e deu muito mole nesse). Titulo genérico simplesmente não dá, tá faltando habilidade hein, Senhor Banville.