Autor: Karel Tchapek
Editora: Hedra
Ano: 2012
Páginas: 148
Tchapek era tcheco e foi um grande escritor da sua época, contemporâneo de gente como Kafka e Thomas Mann, um grande contista de seu país e ativista contra o nazismo. Então sim, estamos falando de clássicos na área. E mais, clássico da ficção científica, vindo de um lugar que não se muito associado ao assunto, na verdade praticamente só se comenta escritores estadunidenses, britânicos e franceses nessa meiuca apelidada de FC. E a Any Rand. Mas ninguém quer saber dela.
Vamos à sinopse dessa bagaça então: Doutor Rossum descobriu uma fórmula para criar seres geneticamente parecidos conosco, dando vida às mesmas. Por serem parecidas conosco, porém desprovidas de sentimentos, alguns empresários criam esses humanos em massa para laborarem em todas as atividades braçais existentes, deixando os seres humanos de vida boa. Acontece que algo dá errado e esses robôs resolvem rebelar-se contra os homens preguiçosos, querendo todo o poder da terra.
Uma coisa importante de se dizer: essa foi a primeira vez que a palavra robô apareceu no mundo, ou seja, Tchapek criou o conceito. O que me diz que o título da obra já foi muito melhor do que ele é hoje. Imaginem ir para o teatro (eu avisei que era uma peça? Então, é uma peça) e se deparar com um nome que sugere a fabricação de algo que você não tem a menor ideia do que seja, a única referência que você tem é que essa tal palavra desconhecida tem a ver com trabalho (em tcheco, claro). Se bem que esse não é o titulo original. Então whatever.
O enredo se baseia na ganância humana, sua falta de limites e como isso pode ser extremamente prejudicial. Os senhores que controlam a fábrica sabiam que isso podia acontecer, mas acharam que não seria nada demais. Tchapek tem que construir o conceito nunca antes visto dentro da peça, e as mudanças para o que temos hoje em dia são enormes, muito por causa do avanço da tecnologia. Os robôs de Karel são basicamente proto-humanos, nossa imagem e semelhança só que sem o que não se necessita para trabalhar, como, por exemplo, os órgãos sexuais. Meu problema com a peça foi a falta de explicação para algumas coisas, como o fato de os homens depois de um tempo não conseguirem mais se reproduzir, e simplesmente ninguém saber o motivo. E o engraçado é que eu não senti a real necessidade de isso estar na peça, porque o objetivo dos robôs é acabar com todos eles, então mesmo que eles pudessem, mortos não transam. Outro ponto, esse mais natural, e o fato da peça ser mais “teatral”. Parece bobo dizer isso, mas o fato é que existem certos monólogos shakesperianos que me incomodam, porque sinto a falta de verdade no ato em si, algo que se tinha muito no teatro de antigamente e hoje já é mais descartado.
O projeto gráfico da Hedra nesse livro não está muito do meu gosto. O livro é grande, ok, mas não tem orelhas, uma parada que me incomoda muito, porque a ponta amassa muito fácil assim. Além disso, a capa não é das mais resistentes, mas o papel interno é ótimo e a letra da cor é diferente do normal, um cinza que combina bem com o clima e com o livro em si. A capa é outra coisa que eu não entendi até agora, ela parece um molde de cabeça, mas tem algumas partes normais nela, como o olho e a borda da cabeça (?). Ainda sim, recomendo a leitura do clássico para vocês pararem de falar Asimov gênio e ver quem realmente teve que botar a cachola para funcionar para criar algo real. Ah, esqueci de falar que nossos leitores ganham 20% de desconto no catálogo de literatura estrangeira da editora, clicando aqui. Então não perca essa chance e adquira o exemplar!