
AUTOR: George Orwell
ANO DE PUBLICAÇÃO: 1945
ANO DA EDIÇÃO: 2014
EDITORA: Companhia das Letras
Bem, é que toda vez que lia sobre A Revolução dos Bichos, as pessoas diziam ter a ver com história, no caso a Revolução Russa de 1917, e que alguns personagens representavam figuras reais, ditadores, etc. E isso, obviamente, me assustava. A sensação que eu tinha era: vou ler e não vou entender nada, porque não estou por dentro desse assunto. Pois muito bem, meus caros, eu estava enganada.
A trama tem sim vários elementos que remetem àquele episódio, o próprio autor confirma isso, embora não precisasse, porém, em nenhum momento toca-se no assunto política. Em nenhum momento o livro desvia para um lado intelectual/aula tradicional de história/pegue essa referência agora, ou essa leitura não valerá de nada. EM NENHUM MOMENTO!! É tudo muito simples, não tem nada de complicado, até a linguagem é fácil. E caso você não tenha a menor noção do que ocorreu naquela época e não consiga conectar a ficção à realidade, tudo bem também, vai dar tudo certo, o principal você vai entender: tudo começa bonitinho, todos iguais, mas as pessoas (animais no caso) são doidas pelo poder, aí coisas saem do controle e vira um bosta. Acontece todo dia, não é mesmo?
Achei sensacional utilizar-se de uma fábula para falar sobre isso e mais sensacional ainda é o subtítulo "um conto de fadas" que acompanha a versão original. Não tem nada de conto de fadas, gente. A ironia desse título me faz bater palmas e rir bastante. E, falando em rir, comecei a leitura achando engraçadinho o tom dos personagens. Vocês precisam ver, um super discurso moral do porco mais respeitado da Granja, o Major, que serviria de base para a revolução. É cômico porque é um porco, mas, na real, já aconteceu.
Os bichos cansados da exploração que sofrem, da inferioridade e da submissão aos seres humanos deixam se inflamar pelo discurso sobre igualdade. Porém, dentro do sistema deles, agora autônomos, começa a surgir uma hierarquia, as leis convenientemente vão mudando por conta dos mais poderosos, e vocês já sabem onde tudo isso dá. E, mesmo sabendo, é muito interessante ver como seria em uma fazenda, não um país ou território muito maior.
A história em si possui 112 páginas, mas a Companhia das Letras novamente traz extras quando se trata desse autor e eu sou fã disso. A edição acompanha um posfácio de Christopher Hitchens, escrito em 2006, falando um pouco sobre o contexto de quando a obra foi escrita e as dificuldades em ser publicada.