Autor: Isaac Asimov
Editora: Aleph
Ano: 2014
Páginas: 315
O problema é que nem sempre (ou quase nunca) o que é academicamente bom dentro do gênero é mais reconhecido pelo nicho que o consome e idolatra. O exemplo está justamente em Henry James, que obviamente não escreveu apenas terror (acho que nenhum escritor desse gênero ficou preso apenas a ele), mas tem seus livros totalmente ignorados pelo público, e talvez por isso a academia não precise fazer muito esforço para desmentir a afirmação de eles também estudarem literatura de gênero. Na ficção científica o negócio é mais embolado, mas quem faz esse antagonismo entre academia e público é justamente a figura de Isaac Asimov.
Mas antes a sinopse: Eu, Robô é a compilação de nove contos com a mesma temática: Robôs. Para tanto, Asimov cria uma linha guia dentro do livro, que é uma entrevista com a Dr. Susan Calvin, protagonista em vários momentos, e ela está narrando as histórias dos contos para o jornalista, em ordem cronológica.
Asimov teve uma ideias incríveis, que foram as três leis da robótica, e para mim o que ele devia ter feito era contar para um escritor de verdade para o cara fazer algo com isso. Nossa, cara, esse foi um dos livros mais mal escritos que eu li esse ano, todos os erros possíveis que um escritor iniciante comete estavam lá: encheu o livro de adjetivos e advérbios desnecessários, prolixo (sempre que possível repetia a porra das três leis, como se o leitor tivesse amnésia), contava para gente o que a fala de cada personagem significava antes do personagem falar (talvez seja o pior exemplo de como não aplicar o Show, don’t tell que eu já vi), diálogos esses aliás que eram horrorosos, tirando a Susan, nenhum personagem tinha personalidade, e mais um monte de erros que dá para ir apontando página por página. Acho que se cortassem todos esses problemas, cem páginas sumiriam.
As histórias em si também são bem bobas, todas são simples de se adivinhar o final (e olha que eu sou uma negação quando a parada é enigma), elas são “pra cima”, e quem me conhece sabe que esse não é o meu tipo de história também, mas o problema é que o Asimov tem uma filosofia em relação à ciência que é praticamente uma religião para ele, a ponto de Susan dizer em determinado momento que só podemos acreditar na máquina, e isso para mim é no mínimo uma idiotice absurda. O toque especial fica para o último capítulo, que além de ser o pior e onde Susan pede para acreditar cegamente nos robôs e na ciência, tem um momento onde estamos na Terra, e na visão de Terra perfeita de Asimov, as florestas foram “desbastadas” (foi o melhor termo que o tradutor achou para não botar com todas as letras que elas foram cortadas e extintas) para terem mais solo fértil, mais ou menos como acontece na Amazônia hoje em dia.
Pelo menos quem não errou no livro foi a Aleph, que fez um objeto lindão. O design da capa está ótimo, é prateada por dentro e a divisão com as páginas pretas dá um charme foda para a lombada do papel. Mas sigo sem entender porque as pessoas idolatram alguém tão mal escritor como Asimov, e dizendo obviamente que nada aqui foi contra ele (na minha regra pessoal, ele ainda tem mais uma chance), só estou analisando a obra, mas fica a não-dica anyway.
PS: Pessoal, estou querendo fazer mais artigos, mas estou com preguiça de pensar em temas, então queria que vocês sugerissem alguns (desde que relacionados ao mundo da literatura, claro) para eu ver se sai alguma coisa pra postar ok? Ok.