Autora: Gillian Flynn
Editora: Intrínseca
Ano: 2016
Páginas: 64
Dá para se aprofundar muito nisso, mas eu só quero falar de duas coisas que eu não concordo naquele vídeo: que GE é o pior filme do Fincher (essa mulher nunca viu Millenium, Quarto do Pânico e principalmente Alien 3?) e que a Gillian Flynn é uma escritora fraca. Com certeza não é a melhor, mas, para começo de conversa, ela não erra o básico da forma, o que já a diferencia da maior parte dos autores mais vendidos por aí, e segundo é que ela tenta criar um estilo próprio para suas personagens, que no final acabam bem parecidas, mas pelo menos é uma formula que não desagrada.
Digo isso porque a personagem principal (sem nome) de O Adulto é bem parecida com a Amy de GE. Aliás, vamos logo com a sinopse né: uma mulher que ganhava a vida pedindo esmola e batendo punheta para os outros consegue um espaço na profissão de médium no mesmo lugar onde aliviava seus clientes. Um dia ela conhece uma mulher que está tendo problemas sérios com sua casa e seu enteado, filho do seu marido. Quando as duas vão até a casa, nossa protagonista sente que há algo realmente errado tanto com o lugar quanto com a criança.
Uma coisa que gosto no texto da Flynn é a sua falta de enrolação. Ela já joga na sua cara que a mulher é campeã na arte de esvair o saco masculino logo na primeira página e não liga se você acha agressivo demais. Em contrapartida, a estrutura é idêntica a esposa desaparecida de Gone Girl: são dissimuladas, odeiam ficar para trás, sabem falar o que as pessoas querem ouvir e não ligam muito para limites (Amy liga menos que a protagonista de O Adulto). Mas eu gosto desse tipo de personagem então nem ligo muito.
Terror não andava muito em alta nas minhas leituras, acho que na verdade eu não gostava de algo do gênero desde que li Allan Poe (e isso já faz uns dois anos viu), então foi um alívio ver a construção psicológica bem feita de Flynn para a personagem, sendo cada vez mais dominada pela aparência gótica da casa e aquela criança maluca aterrorizando todo mundo. Vi um pessoal que disse não ter gostado do final, o que eu até entendo, pela cara de certa improbabilidade, fora o elemento de criança gênio que não costuma agradar muito as pessoas, mas eu já estava tão dentro do clima que se um tornado de tubarões passasse por aquela casa eu nem ia reclamar muito.
A Intrínseca está realmente espremendo todo o suco da fruta nessa publicação, porque além de tudo esse conto já tinha sido publicado há pouco tempo num livro de contos organizado por George R. R. Martin e trazido para cá pela editora Arqueiro, mas pelo menos a edição está bonita, a capa tem o mesmo padrão das outras, a edição é bem maior, mas só para botar mais margem, e no final das contas é isso aí, quem já lê Flynn tem que ler esse conto, quem não lê, é uma ótima forma de começar.