Autor: Cormac McCarthy
Editora: Alfaguara
Ano: 2006
Páginas: 256
Caso você não esteja ligando os nomes, esse livro é o que inspirou a adaptação Onde os Fracos Não Têm Vez, dos irmãos Coen e vencedor do Oscar de melhor filme em 2008. E sim, a minha opinião é a mesma sobre o filme. McCarthy é um cara bem famoso e respeitado lá nos States, chegou a ganhar um Pulitzer com A Estrada, livro que alguns disseram ser infinitamente melhor que esse, mas por enquanto eu só posso dizer que ele parece não ter a mesma maestria de outros americanos contemporâneos como Paul Auster e Philip Roth.
Vamos para a sinopse então: Llewelyn Moss estava de boa na vida caçando, mas, enquanto anda pelo deserto, ele encontra vários caminhões cheios de droga e pessoas cravadas de balas, e, mais a frente, um cara com uma maleta cheinha de dinheiro. Então ele resolve meter a mão na grana e automaticamente passa a ser procurado por várias pessoas dentro e fora das gangues, entre eles Chigurh, o assassino de aluguel mais louco que você já viu. Mas tem alguém caçando Chigurh também, e esse alguém é o Xerife Bell, quarentão que está seguindo o rastro de morte que o psicopata deixa quando passa.
O livro tem alguns méritos, mas alguns problemas. O principal mérito é, obviamente, Chigurh e a sua filosofia de vida, um personagem bem interessante que pensa sobre o destino de uma forma peculiar, ele às vezes me lembra o Coringa, porém achando que está fazendo a coisa certa. Bell também é um personagem interessante de se ler, é também o que tem mais foco no livro, que é dividido entre capítulos e o que parece ser o diário do Xerife, que reflete constantemente sobre a violência civil e como muita coisa mudou de 40 anos até os dias de hoje, um velho desiludido eu diria. Já na escrita, o que mais se destaca é a forma diferente que McCarthy narra, quase nunca usando vírgulas, apenas jogando “e” para fazer a história ter um ritmo frenético e os ótimos diálogos muito realistas, com a sacada dos pontos usados em horas “erradas” para emular o tom de voz das personagens.
Porém, o livro tem problemas justamente na hora de manter o seu ritmo frenético na narrativa, ora porque McCarthy descreve demais, ora porque o ritmo está tão intenso que você esquece tudo que acabou de ler, justamente por não ter pausa dentro do parágrafo. O jeito de narrar escolhido necessita de tempo para se acostumar e você sofre com as primeiras páginas por conta dessa novidade. Outro ponto negativo é a sequência de ação que por muitas vezes eu não entendia e simplesmente ia levando até chegar na conclusão, e ao ver o filme eu percebi que algumas cenas eu não entendi mesmo, e isso não deveria acontecer numa obra de um cara tão renomado não é mesmo?
No mais, é um livro de ação com vários momentos “pega pra capa”, com um final bem honesto e condizente com o que a história queria contar. A edição da Alfaguara é sempre bem bonitona, o papel tem uma gramatura gigante, fazendo o livro parecer ter muito mais páginas do que na real, e a capa é ok, um cara sendo cauteloso, mas se tremendo todo, assim como o seu Moss tentando sobreviver nessa matilha de lobos que é o submundo do crime.