
Autora: Joyce Carol Oates
Editora: Alfaguara
Ano: 2012
Páginas: 488
Agora podemos falar da obra. Pássaro do Paraíso veio até mim porque além de ficar caçando livros de premiados do Nobel por aí, eu também caço os “concorrentes” do prêmio, assim ficamos atualizados do que tem de bom na literatura por aí sem cair na armadilha de consultar listas de best-sellers. Acontece que nem assim a gente acerta nas escolhas 100%. Foi o caso do primeiro contato com a autora americana Joyce Carol Oates.
Pássaro do Paraíso conta a história das famílias Diehl e Kruller, que se veem envolvidos num turbilhão de merda quando Zoe Kruller é assassinada e os dois principais suspeitos são seu marido, Delray Kruller, e seu amante, Eddy Diehl. No meio desse fuzuê, acompanhamos na primeira parte a filha de Eddy, Krista Diehl, e na segunda parte o filho de Delray, Aaron Kruller, que passam a ter um relacionamento no meio desse caos todo.
Oates estrutura o texto de uma forma parecida com o nosso querido Machadão em Brás Cubas, capítulos curtos, tempo embaralhado, memórias de um personagem que está nos contando a história. O problema é que a escrita de Oates não me fisgou da forma como deveria, muito porque ela perde tempo demais descrevendo cenários, muitas vezes sem necessidade, só para tentar deixar a história mais fiel, porém travando o texto. Outro problema é que ela segue essa estrutura mais ou menos. De vez em quando (mais frequente do que deveria) ela mete uns capítulos gigantes que facilmente poderiam ter várias páginas cortadas mantendo assim a fluência da narrativa.
A definição do gênero é engraçadamente confuso. Quando você lê a sinopse, imagina que vai ser um romanção no estilo de Romeu e Julieta, contudo é surpreendido com o pouquíssimo contato entre eles durante a história. Então você passa a achar que é um romance policial, afinal a morte de Zoe paira como uma nuvem de problemas durante todo o livro, só que não há foco na investigação, o delegado mal aparece e a autora prova que esse não é o ponto principal jogando a solução final do jeito mais estapafúrdio possível, deixando claro que resolver o problema nunca foi uma meta e sim mostrar o desastre que esse problema causou.
Nesse tipo de livro, então, o que mais importa é a sua conectividade com as personagens, principalmente os protagonistas. Ai é que mora o maior problema de Pássaro do Paraíso: ambos os adolescentes são insuportavelmente chatos, principalmente Krista, que é uma retardadinha que fica fazendo birra com a mãe para chamar a atenção. Aaron (que depois passa a se chamar de Krull por aí porque acha mais descoladex assim) dá até para relevar, porque ele sofre o preconceito por ter sangue e aparência indígena desde o começo da narrativa e também por ter perdido a mãe.
Pelo menos o acabamento da Alfaguara é lindão, a página tem uma espessura maior que a normal e isso deixa um livro de 500 páginas parecer que tem 800. Achei a letra um pouco pequena, mas nada que me matasse de raiva. Acho que é porque os livros dessa editora são bem altos e você fica com essa impressão de que a letra poderia ser maior. Porém, o desgosto com esse em especial me obriga a dizer que eu não o recomendo.