Autora: Liane Moriarty
Editora: Intrínseca
Ano: 2015
Páginas: 400
O livro é narrado em terceira pessoa do ponto de vista das três, cada uma cheia de personalidade. Madeline adora um "barraco" e é muito divertida, por conta dela surgem umas nuances cômicas durante a obra. Jane é mais reservada, bem tímida e insegura por conta de situações que ocorreram no passado. Já Celeste é linda, riquíssima e super invejada, mas não está nem aí para essas coisas e ninguém pode imaginar as questões que realmente cercam a vida dela, que vão muito além de jóias e dinheiro.
Eu confesso que quando me deparei com a descrição das personagens na sinopse, fiquei um pouco receosa, com medo de caírem em clichês ou de serem muito superficiais, mas graças a Deus (na verdade, graças a Liane) nada disso ocorreu. Gostei muito delas e de tudo que representaram na trama. Madeline traz algo mais leve, embora ainda tenha seus problemas, já Jane e Celeste serviram para abordar assuntos importante em um nível que eu jamais esperava ver neste livro. Foi um bônus inacreditável, queria abraçar a autora.
Começamos seis meses antes da noite do concurso de perguntas, e a cada mês, semana, dia e hora diminuídos, meu coração ia batendo mais forte por estar tão próxima de descobrir o que havia ocorrido naquele dia. Além dessa narração, podemos acompanhar pequenos trechos de depoimentos das testemunhas do evento. Todos eles são pais e mães dos alunos do jardim de infância da escola e estavam presentes na festa quando a confusão ocorreu. Nessas partes, encontramos muitos boatos, especulações, fofocas e comentários ácidos, coisas que possivelmente aconteceriam na vida real, conhecendo assim um pouquinho mais da personalidade de cada um. O mais interessante disso tudo é que, embora eles estejam falando diretamente sobre o que ocorreu e o que possa ter levado àquilo, em nenhum momento a autora entrega as pessoas que de fato estavam envolvidas naquela situação, aumentando mais ainda o mistério ao mesmo tempo que a tensão nesses diálogos cresce.
Esses pedacinhos de testemunho geralmente fazem referência a algo que fora dito anteriormente na narrativa ou que será explicado nas páginas seguintes, nesse caso, muitas vezes nos levando a perguntar: O QUE QUE TÁ ACONTECENDO? DO QUE ELES ESTÃO FALANDO? ME CONTA AGORA LIANE!!!
Lembram do bônus que eu disse existir nesse livro? Pois bem, eu sinto que PRECISO falar sobre eles nesse texto. Para alguns, pode ser spoiler, mas eu não acredito que isso possa atrapalhar a leitura de ninguém, pelo contrário, talvez incentive mais ainda. Eu teria lido muito antes se soubesse o que estou prestes a falar agora. Fica o aviso: POSSÍVEL SPOILER, NÃO MATE O MENSAGEIRO, SE FOR SENSÍVEL NÃO LEIA O PRÓXIMO PARÁGRAFO, tá bem? Então tá bem.
Jane é mãe solteira e como diz ali em cima, seu filho, Ziggy, é fruto de uma noite malsucedida e aí você pode pensar: Poxa, transou sem camisinha. Não é só isso meus queridos. O que ela sofreu foi agressão sexual, o que, obviamente, deixou muitas marcas no emocional dela, tornando-a extremamente complexada. Já o caso da Celeste... Bem, ela tem um casamento perfeito, um marido perfeito, super atencioso e tudo mais, o problema é que ele bate nela. O tempo todo. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA, ALÔ ALÔ!! E como a maioria das vítimas desse crime, ela não consegue sair dessa situação. Eu acho que a autora abordou isso de uma maneira sensacional, porque estávamos dentro da mente da personagem. Sei que muitas vezes, vendo essas situações de fora, nós pensamos "Nossa, por que ela não larga o marido/namorado então?" mas não é algo fácil de se fazer e Celeste nos mostra exatamente isso. Ela sempre acredita que é só uma fase, que é só uma pequena parte do comportamento de Perry, e que, adivinhem só, ela é culpada por isso, porque, na cabeça dela, ela provoca, revida, ela quase que pede para que tudo aquilo aconteça de novo e de novo e de novo. Ela sabe que aquilo é errado, mas decide sempre dar uma chance a mais, e isso acontece inúmeras vezes na vida real. Ambos os casos. Poder enxergar isso através dos olhos das vítimas foi sensacional. Liane Moriaty, muito obrigada!!!
TERMINADOS OS POSSÍVEIS SPOILERS, voltamos com a nossa programação normal...
Logo no início eu pensei que essa história merecia uma adaptação e como um sinal divino, vi um post da Intrínseca informando quais eram as atrizes escolhidas para os papéis principais e quase caí para trás. Reese Witherspoon como Madeline, Nicole Kidman interpretando Celeste e Shailene Woodley ficou responsável por Jane. A notícia de que será feita uma série de TV baseada na obra é antiga, mas eu só fiquei sabendo por esses dias e ADOREI a escolha. Conclusão, prossegui minha leitura imaginando a Reese como Madeline a todo o tempo, porque é a cara dela gente, perfeita. Já a Shailene... Demorei anos para conseguir deixar de enxergá-la como Hazel e aceitá-la como Tris, e agora já vem outra por aí? Ficou meio saturada para mim... A Kidman tem toda a classe da Celeste, isso vai ser maravilhoso. A produção está a cargo da HBO e ainda não possui data de estreia, mas tudo indica que as filmagens começarão no início deste ano.
Eu gostei tanto da história que sonhei com ela, talvez por conta da ansiedade e vontade de terminar o livro logo. As personagens são muito bem construídas, fazendo você se apegar a elas e se comover com os problemas reais pelos quais estão passando.
O título tem TUDO a ver com a temática (digo isso porque às vezes não tem né). É sobre as pequenas mentiras que contamos aos outros e a nós mesmos, e em todas as grandes consequências que isso pode causar. Também fala sobre as aparências, que muitas vezes nos enganam e, no meio disso tudo, nos deparamos com assuntos importantíssimos sendo falados de uma forma maravilhosa. Ainda conta com um final surpreendente. Eu tinha medo das minhas expectativas serem altas demais, mas acabei tendo elas superadas. CORRAM PARAR LER!!!!