
AUTORA: Ana Paula Maia
PUBLICAÇÃO ORIGINAL: 2017
ANO DA EDIÇÃO: 2017
EDITORA: Record
PÁGINAS: 144
*Exemplar cedido pela editora.
Foi uma puta decepção.
Vamos evitar a precipitação e dar a sinopse: Assim na Terra fala sobre o Colônia, um presídio num lugar escondido do Brasil que abriga, clandestinamente, os piores prisioneiros, porque a promessa é de que lá ninguém consegue fugir. Acontece que o lugar está prestes a fechar e o delegado está se divertindo caçando dois presos a cada noite, numa contagem regressiva para matar todo mundo no recinto.
O tal javali mencionado por ela aparece como caça do índio Bronco Gil, e aí vira metáfora para tudo durante o romance, sendo que se tirasse qualquer coisa que ela fala sobre o javali que não esteja ligado ao bichinho caçado, seria melhor. Aliás, esse é o grande problema do livro. Ana Paula Maia pode pesquisar bem sobre os assuntos (a mulher entende de javalis) pode ser “cruel” e sanguinolenta na hora de contar a história, mas ela é uma péssima escritora, nível Asimov de antiqualidade.
As imagens construídas pela escritora são sem graça para quem está procurando por violência, nenhuma delas é chocante por qualquer motivo que seja, maldade, crueza, plasticidade, nada. Ela tem o mesmo problema do Asimov ( aliás, eu acho impressionante um editor passar isso, a ponto de eu ficar com mais raiva do editor do que deles) de botar o narrador para contar algo e o personagem contar a mesma coisa em seguida, quase como se o narrador tivesse que lembrar ao personagem o que ele tem que dizer.
Toda a escrita é de um jeito bem estéreo com essas várias pitadas de prolixidade. Isso e as terríveis coincidências de roteiro, a total apatia dos personagens e um final hollywoodiano bobo quase me fizeram jogar esse livro longe. O que me preocupa é que foi o ultimo escrito pela autora, o que me faz duvidar muito se a escrita dela é melhor nos livros anteriores.
A Record pelo menos fez um bom trabalho no projeto gráfico, um negócio maravilhoso como objeto físico. A capa tem o nome do livro e da autora em relevo, acompanhados desse desenho espetacular da cabeça de javali, algo que, apesar da complexidade me lembra os bichos feitos pelo senhor Hayao Miyazaki, um dos meus cineastas favoritos, e a extensão do desenho pela lombada junto com a fonte classuda escolhida pela editora deixa esse livro, apesar de fino, ser um dos mais chamativos na sua estante. Mesmo assim, beleza não põe mesa, e a minha única recomendação é fugir dessa bomba.