AUTORA: Rô Mierling
PUBLICAÇÃO ORIGINAL: 2016
ANO DA EDIÇÃO: 2016
EDITORA: Darkside Books
PÁGINAS: 240
Narrado em parte em forma de diário, o livro acompanha mais de quatro anos da vida de Laura em um buraco embaixo da terra, período em que algo dentro dela também se modifica de uma forma inimaginável em busca da única maneira para sobreviver."
A editora decidiu apostar em livros nacionais e eu acho isso sensacional, porque, vamos admitir, a DarkSide já é uma das queridinhas desse país e tem um público que compra tudo que eles colocam nas prateleiras das livrarias. Ver nossos novos autores "competindo" de igual para igual nessas condições é ótimo, na minha opinião.
Quando juntei "livro nacional" ao fator "assunto bom que não tem como dar errado" me convenci de que deveria ler. Nesse momento entraram todas as resenhas mega positivas que eu li por aí antes de efetuar a compra: livro pesado, cruel, um alerta, visceral, etc.
O livro foi originalmente publicado na plataforma Wattpad. Eu nunca tinha lido nada de lá, porque não consigo me render ao formato digital, mas uma vez vi uma autora comentando que lá é terra de ninguém e que a quantidade de histórias romantizando relações abusivas é absurda, desde esse dia fiquei com MEDO de pisar nesse site e passar raiva. Então, quando vi que o livro tinha vindo da tal plataforma, não vou mentir: fiquei receosa. Porém, se a DarkSide, uma editora grande, tinha decidido publicar, algo de bom deveria vir daí.
As primeiras páginas correram fácil, até eu me dar conta que a escrita não era das melhores. Foi a primeira vez na minha vida que eu senti que o escritor tinha um tema bom, mas que outra pessoa deveria ter desenvolvido, até comentei isso com o Victor. Se a escrita fosse mais pesada e menos simples, o livro teria sido bem melhor. Encontrei, depois, uma resenha dizendo que a escrita tinha cara de Wattpad e entendo o que o autor do texto quis dizer com isso. Do pouco que eu sei da plataforma, parece funcionar bem lá, mas somente lá, pelo menos para mim.
A narrativa segue como se fosse um diário (jura?), mas alguns capítulos são dedicados a mostrar passagens da vida de outras pessoas dando foco a familiares, investigadores e outras vítimas. Alguns personagens não serviram para NA-DA, NA-DA, utilizando capítulos à toa.
Minha vontade é sair contando tudo o que aconteceu porque certas coisas são difíceis de serem explicadas nessa resenha sem cometer o crime de spoiler, mas posso dizer que Rô Mierling criou uma protagonista que por diversas vezes teve atitudes inexplicáveis. A autora não se aprofundou no assunto, na escrita, nem nos personagens. Traços psicológicos não foram levados em conta nessa história e os diálogos repetitivos eram vazios nesse sentido, o que eu achei meio preguiçoso. E sim, o psicológico era importante aqui, porém, se eu explicar com todas as palavras, vai sair spoiler.
Um livro simples, descuidado, mas que tenta se salvar nas notas finais. A autora informa que a história de Laura foi um compilado de casos reais, com pequenas alterações para que o texto ficasse com um teor mais literário, porém, ao citar cada caso que serviu de inspiração, podemos ver que nenhum se assemelha àquele desfecho, de forma que não houve uma pequena alteração, mas sim uma mudança BIZARRA.
Mais a frente, ela tenta explicar o motivo para essa mudança alegando que a protagonista sofreu de determinado distúrbio e há quem diga que o argumento é falho, porque determinado distúrbio não funciona da forma descrita no livro. Eu pesquisei muito rapidinho, e parece que o que a autora alegou se encaixa. Ainda assim, creio que se desenvolveu de um modo muito corrido e superficial, como todo o restante.
De fato, as cenas de violência são cruéis e nesse momento entra o peso do livro. Aparecem repetidas vezes e uma única é o suficiente para desestabilizar alguém, então fica o aviso: se você for sensível a cenas de estupro e outros tipos de violência, cuidado. Mas o desgraçamento mental morre aí, o resto é você passando raiva pela forma que conduziram a narrativa.
Zero novidade o que vou dizer aqui: projeto gráfico, como sempre, um dos mais lindos que você veria na sua estante. Capa dura, imagem linda e com detalhes que não sairiam em fotos, além das bordas serem coloridas e em DEGRADÊ.
A proposta de Rô era que o livro fosse um alerta, e essa parte é muito válida: não devemos confiar em estranhos, ainda que pareçam as melhores e mais bondosas pessoas do mundo e, muitas vezes, o mal pode ser encontrado em um homem "de bem" com uma vida normal. O problema é que, para servir de alerta de forma mais eficaz, Diário de uma Escrava poderia ter ido mais a fundo e sido mais realista, mas certas atitudes e aquele desfecho não permitiram.
Como vocês podem ter notado, terminei a leitura bastante decepcionada. Não esperava um tema desse sendo tratado de forma tão crua e, em alguns casos, inverossímil. Conversei com alguns blogueiros e eles se sentiram da mesma forma... Lembrando que: é só a minha opinião e jamais será a verdade absoluta, tenhamos tudo isso em mente. Aqui, quando a gente fala de alguma obra, nós falamos aquilo que gostaríamos de ter sabido antes. Às vezes serve como alerta, às vezes como incentivo, mas nunca como veredito, mesmo que soe como um. Mas e vocês, já leram? Pretendem? Pretendiam? Contem aí nos comentários e não me matem caso tenham amado o livro. Beijos ♥