
AUTORA: Elena Ferrante
PUBLICAÇÃO ORIGINAL: 2002
ANO DA EDIÇÃO: 2016
EDITORA: Biblioteca Azul
PÁGINAS: 184
Pensem uma resenha que eu levei semanas para escrever sem a menor ideia de como começar e do que dizer: Dias de Abandono. Não há nada de errado com o livro, e a leitura foi ótima, mas eu sinto que minhas impressões poderiam ser resumidas em um parágrafo, aí complica né? Mas chega de enrolação.
Elena Ferrante é uma autora famosíssima por aí, mas quem entende de prêmios e prestígio internacional nesse blog é o Victor, então não entrarei em muitos detalhes, mas acreditem em mim quando digo que, para muitos, o nome dela é sinônimo de qualidade. E eu pude comprovar isso.
Lendo a sinopse, a história parece algo simples e realmente é: uma mulher foi abandonada pelo marido depois de vários anos de casamento. Normal, comum. Porém, eu sabia que a escrita viria rasgando nas imagens de dor e no sofrimento, e eu estava certa.
A angústia e o desespero da personagem são tão intensos que chegam a ser palpáveis, e, embora ela tome atitudes BIZARRAS por conta disso, eles ainda se encaixam na realidade. Não são sentimentos vazios, forçados. É muito fácil eu chegar aqui e escrever: oh, fulana estava tão triste que rasgou a cara, oh, coitada de fulana. MAS, MEU AMORES, Elena Ferrante é Elena Ferrante. Você se convence de tudo que está acontecendo ali, compreende a dimensão de todo aquele sofrimento e de certa forma sente junto. Não foi nada difícil me colocar no lugar da personagem, o que criou uma imersão muito maior enquanto eu lia.
O que vocês pensam quando associam o título à história que eu acabei de contar? Provavelmente que o abandono refere-se à ação do marido, certo? Também. Porém, ao meu ver, Olga se abandonou durante o casamento. Apagou um pouco da sua existência e passou a viver à sombra de seu cônjuge, o que é PERIGOSÍSSIMO, JAMAIS FAÇAM, POR FAVOR. E, durante o luto, Olga abandonava-se cada dia mais. Algumas vezes eu ficava meio: amiga???? amiga??? amiga????? pelo amor de Deus, vamos nos conter, a senhora TÁ LOKA. Mas agora está tudo bem, ela estava doida, mas é totalmente compreensível.
A protagonista não teve que lidar somente com a sua tristeza, mas também com as suas obrigações maternas, afinal de contas o lixo do marido (lixo sim) deixou seus dois filhos. Ou seja, nem sofrer em paz ela podia. E aí como você faz para cuidar de si e mais duas crianças, enquanto o mundo que você por anos construiu ao lado de alguém desmorona? Não deve ser fácil, e não foi. Mais um sentido para o título, já que, por conta do ocorrido, ela também vai abandonando todos a sua volta.
Novamente: é uma história recorrente. Muitos autores e autoras por aí já devem ter abordado esse tema, mas tenho certeza que nem todos com a maestria em questão. Esse foi o primeiro contato que tive com a tão falada Elena e posso dizer que adorei. A temática por si só já poderia dar um tom pesado ao livro, mas a escrita da autora transforma uma trama mediana em algo realmente muito bom e digno da atenção de vocês.
Vocês já leram a autora? Já conheciam? Pretendem ler alguma coisa? Provavelmente teremos mais obras dela por aqui no futuro... É só acompanhar a gente ♥