Autora: Harper Lee
Editora: José Olympio
Ano: 2015
Páginas: 252
No novo romance, a tensão no condado de Maycomb acerca da questão racial se mostra muito mais acentuada do que nos anos 30, de forma que Jean Louise se choca ao chegar ao local e se deparar com todo aquele discurso hostil vindo de todos os lados, inclusive de pessoas de sua confiança, as quais nunca apoiaram a segregação racial e que tiveram seus ideais completamente transformados por conta desse novo cenário, onde negros exigem seus direitos e brancos acreditam que eles estejam passando dos limites por conta disso.
O livro é narrado em terceira pessoa e em alguns capítulos ocorrem flashbacks da infância de Scout e até de sua adolescência, fase que não viemos a conhecer em O Sol é Para Todos. Acredito que essa tenha sido uma tentativa de inserir Jem e Dill novamente na história, visto que no momento presente, eles não aparecem. O mesmo ocorre com Calpúrnia, que só aparece uma única vez. Em certos momentos, essas lembranças foram um pouco desnecessárias por não acrescentarem nada de importante à narrativa, mas pelo menos matamos um pouquinho das saudades dos personagens.
Quanto à Scout, sua personalidade continua do jeito que a conhecemos: inteligente, observadora, perspicaz e independente. Não cedendo a pressão de se portar e se vestir como uma dama da sociedade e o mais importante, com os mesmos conceitos de justiça e igualdade que Atticus Finch (que saudades que senti do bom e velho Atticus) a ensinou.
Dessa vez, eu não sabia o que esperar da obra. Não sabia exatamente o que aconteceria, diferente do primeiro livro onde já se sabe o ponto principal do enredo e em certo momento comecei a questionar se de fato algo grandioso aconteceria por tudo estar muito monótono, mas no momento em que Scout entende de fato o que está a sua volta, meu mundo, assim como o dela, desabou!!! O choque, a negação, a revolta... Eu pude sentir tudo isso. Não esperava nada daquilo e fiquei completamente surpresa. Aconselho que prepare o seu coraçãozinho.
Apesar de se passar há 60 anos, Vá, coloque um vigia nos mostra Harper Lee trazendo novamente um tema muito atual, com excelentes diálogos que nos fazem parar para refletir a todo instante. Não se iguala ao seu antecessor (o que seria impossível), mas funciona muito bem como um complemento. Minha recomendação é que leiam sem medo, porém não criem MUITAS expectativas. É melhor que tirem suas próprias conclusões em vez de viverem com a pulguinha atrás da orelha. Se optarem por ler, preparem-se para uma realidade gritando na sua cara e te estapeando.