
Autor: Richard Matheson
Editora: Aleph
Ano: 2015
Páginas: 384
Eu já conhecia Eu Sou a Lenda por causa do filme com o Will Smith, mas sequer sabia que vinha de um livro com toda essa importância para a literatura, até que, bisbilhotando o Tipo Coelhos, nosso blog parceiro, vi esta resenha aqui e daí o interesse surgiu. Não posso ver uma historinha sobre "praga" "mundo pós-apocalíptico" que me animo toda, e com esse livro não foi diferente. A Amazon permitiu (ALÔ AMAZON, PATROCINA A GENTE, OLHA QUANTAS VEZES A GENTE FALA DE VOCÊS AQUI, BEIJÃO PRA FAMÍLIA), li e aqui estamos nós.
Assim que comecei a ler, notei uma semelhança com Caixa de Pássaros. Eu lia e dizia para o universo: APRENDE AÍ JOSH MALERMAN!! (Sim, eu odiei Caixa de Pássaros... Confira minha resenha rancorosa aqui). Com o livro em questão foi diferente, mas há coisas parecidas. Ambos têm esse clima de sobrevivência em um mundo hostil, onde o protagonista precisa ficar a maior parte do tempo dentro de sua casa para sua segurança. Então acredito que os leitores que gostaram de Bird Box, podem gostar também desse livro. A princípio achei que estivesse louca, mas vi comentários sobre isso em outras resenhas, então não foi só impressão minha.
Mas se as histórias possuem semelhanças e eu ODIEI a obra do Josh, como gostei dessa? Veja bem, Eu Sou a Lenda é um clássico do terror e da ficção científica, as coisas mudaram depois desse livro, e não foi à toa. Além disso, aqui temos um protagonista pelo qual vale torcer, ter empatia e querer acompanhar, diferente de certas pessoas (Malorie) presentes no livro de estreia do Malerman.
O ponto de identificação que podemos criar com Neville são seus sentimentos, consequências do isolamento. Não estamos sendo "perseguidos" por vampiros a todo tempo, não é uma situação comum, mas já se imaginou completamente sozinho? Jogado numa rotina super entediante sem poder fazer muita coisa para mudá-la? Não são coisas completamente impossíveis de acontecer na vida real, certo? Esses são os verdadeiros monstros aqui. Robert passou por muita coisa e eu não sei se conseguiria. Provavelmente ficaria jogada no chão chorando até morrer de fome ou desidratação por conta das lágrimas. E vocês?
Eu falei sobre "rotina super entediante" no parágrafo anterior, mas não vá pensando que é um livro chato. Somos apresentados a seus hábitos sim, mas não é algo repetitivo e exaustivo, até porque estamos falando de uma obra muito rápida de ser lida. A narração é em terceira pessoa, mas não se assuste porque estamos a todo momento dentro dos pensamentos de Neville. Pequenos trechos do passado aparecem e são muito eficazes, através deles você percebe como era a vida do protagonista e seus relacionamentos antes de tudo aquilo acontecer em questão de segundos, sem muito mimimi. Mas para aqueles que ainda não estão satisfeitos, saibam que em certo ponto, quando uma fagulha de esperança se acende em nossos coraçõezinhos, mais coisas começam a acontecer.
Se eu falar mais sobre a trama, posso dar spoiler, e não queremos isso. Posso dizer que, apesar das circunstâncias e eventuais abatimentos, Neville não é um cara apático, não se dá por vencido e está sempre em busca de respostas e soluções, o que nos leva a um final MARAVILHOSO. Ocorreu um instante ali que fiquei me questionando se aquilo acabaria de uma forma satisfatória, porque uma decisão específica do autor foi de caráter meio duvidoso, seria aquilo necessário? Mas logo fiquei satisfeita novamente e o desfecho foi sensacional. As últimas linhas... Sem palavras.
Sobre o filme de 2007, muitos dizem que não tem muito a ver com a obra original. Eu sei que assisti, mas acho que foi em flashes, como costumo fazer. Então eu não lembro muita coisa. Lembro do Will Smith e um cachorro, mas isso é tudo, logo, não posso fazer uma comparação decente. Qualquer dia eu assisto para tirar minhas conclusões.
Eu Sou a Lenda é de 1954 (!!) e a história começa em 1976. O autor, Richard Matheson, influenciou nada mais nada menos que Stephen King, e quem nos conta isso é o próprio King no prefácio. Não é pouca coisa não... A edição conta também com um artigo de um professor falando sobre o contexto histórico de quando a obra foi escrita, tentando desvendar um pouco os objetivos do escritor. Nessa sessão ficamos sabendo quais mudanças ocorreram no gênero com a vinda de I am Legend, já que o terror antigamente era algo mais voltado para o exótico e sobrenatural, e Richard optou por um lado mais realista, ainda que com elementos vampirescos. Fala-se também de outras obras do cara e eu fiquei curiosíssima, todas parecem tratar de assuntos parecidos e já que gostei de uma, pode ser que goste das demais. Tá pouco ainda? Tem citação de Robert Bloch, autor de Psicose. Estou falando para vocês, esse tal de Richard Matheson é consideradíssimo na rodinha literária.
Os extras que a editora colocou são MARAVILHOSOS. Acho que toda obra marcante deveria vir acompanhada de coisas do tipo, assim como foi também em 1984, com a Companhia das Letras, porque dão informações que podemos não ter notado durante a leitura, fornecem explicações, contextualizam, é algo muito bacana. A Aleph ainda disponibilizou uma entrevista com o autor, que foi feita em 2007, falando sobre a relação dele com os filmes, sua inspiração e etc.

Ficou claro que eu gostei bastante da leitura, né?! Fãs de terror, suspense, ficção científica, thriller, clássicos, whatever, deem uma chance. E agora como encerrar essa resenha enorme? Com vídeo fofinho dos Teletubbies para dar uma amenizada, é claro. É hora de dar tchau, é hora de dar tchau!