Autor: Michel Houellebecq
Editora: Alfaguara
Ano: 2015
Páginas: 256
Eu esperava MUITAS críticas em Submissão, vários socos na cara, mas não vieram muitos. Ou será que foi burrice minha e eu não os notei? Enfim... Comecei a leitura super empolgada, esperando comer as páginas, até porque são poucas, mas acabou sendo um pouco arrastada, e aqui vai um conselho: talvez, mas só talvez, não seja aconselhável tentar correr com esse livro. Não é um ritmo acelerado.
Não sei vocês, mas quando me deparei com a sinopse, acreditei que o foco e auge fosse o ambiente político, com muitos acontecimentos loucos (até porque “as mudanças sociais (...) se tornam dramáticas” e não é bem por aí. Para falar a verdade, a parte que eu pensei que mais gostaria foi a que menos me interessou. Toda aquela falação política me incomodou um pouco, parte disso vem dos personagens, porque todos eles são intelectuais, então você já pode imaginar o nível das conversas, né?! Era muito blá blá blá e especulação, para pouco acontecimento de fato. Sem contar que TODA HORA, François falava sobre algum autor ou obra específica, dissertando não só sobre o trabalho do cara, como também sobre alguns aspectos da sua vida, e isso me lembrou por vezes os artigos acadêmicos que eu tanto detestava na faculdade. De um lado termos políticos aos montes, de outro muita divagação sobre literatura que, naquele momento, não me importava e não me levava a lugar nenhum dentro da narrativa. Há quem goste, imagino eu, mas eu não curti.
Aliás, me senti meio burra/deslocada em vários momentos. Sabe quando alguém conta uma piada interna na sua frente e você fica sem entender o porquê de todos estarem rindo? Isso ocorreu várias vezes. Assuntos com os quais eu não estava nem um pouco familiarizada sendo discutidos numa rodinha de amigos, e eu sem poder levantar o dedinho e dizer: Oi, me perdi aqui, volta a fita Michel. Ah, e aquelas ruas da França, as quais nunca visitei, servindo como ponto de referência para que eu me localizasse me ajudaram muito, obrigada mesmo J Está vendo essa carinha no final da frase? Indica ironia, acho válido enfatizar. Novamente: a excluída da roda.
As partes que eu mais gostei foram sobre a vida de François. Apesar dele não ser um cara muito legal, daqueles que você quer andar junto no recreio da escola, suas reclamações, sua solidão e infelicidade me seguraram na leitura. Eu curto um drama, não nego, e esse aspecto meio bosta da vida dele conseguiu me entreter, já que a parte “dedo na ferida” não funcionou muito.
Em algum lugar, não me lembro se na contracapa, orelha, sinopse em internet, enfim, dizia-se que o livro queria mostrar como a sociedade pode se adaptar a qualquer coisa mesmo que pareça absurda a primeira vista, e, nesse ponto, a obra conseguiu. Nós leitores, assim como o protagonista, esperamos GRANDES mudanças, caos, loucura e tudo mais, e não é isso que ocorre no fim das contas. E aí sim eu encontro uma crítica bacana. Mas eu queria mais reflexões e menos mimimi meus amigos. Comparado a Orwell e Huxley, a coisa tinha que vir GRITANDO ASSIM NA SUA CARA e não veio, foi um sussurro.
Já o marketing foi pesadíssimo. A capa diz que é “o livro mais polêmico do ano” e eu imagino que essa escolha de palavras tenha sido feita não só por se tratar de um regime islâmico na França, mas também pelo fato de que o lançamento de Submissão coincidiu com aquele ataque terrorista no jornal francês Charlie Hebdo, que continha uma charge de Michel Houellebecq na capa. Galera do marketing deve ter surtado.
Existem zilhões de críticas por aí morrendo de amores por esse livro. Alguns dizem que é o melhor trabalho do Michel, mas eu espero que não. Ele é um autor meio cultuado, um cara importante, grande nome da literatura francesa, mas, se eu não gostei muito, eu tenho que falar. Não é horrível, longe disso, mas eu esperava mais. Acho que foi MUITA promessa, mas para mim passou longe. Para quem curte uma leitura mais lenta, abordando cenários políticos e muita divagação sobre literatura, talvez funcione, comigo não rolou, não agora, quem sabe um dia...