
AUTOR: Lourenço Mutarelli
ANO DE PUBLICAÇÃO: 2008
ANO DA EDIÇÃO: 2008
EDITORA: Companhia das Letras
PÁGINAS: 206
*Exemplar cedido pela editora.
Quem acompanha o blog já conhece o senhor Mutarelli pelas resenhas de O Cheiro do Ralo e Miguel e os Demônios, mas, como são resenhas antigas, vou apresentá-los novamente a um dos principais escritores do Brasil no momento: Muta é um doido da cabeça que antes fazia quadrinhos, mas enjoou da antiga mídia e do pessoal que habitava as rodas de HQs, então trocou o traço pela palavra e vem arrebentando horrores nesse lado da arte também, tanto com as obras já resenhadas quanto com essa que vamos falar hoje.
Antes de tudo, como sempre, a sinopse: Junior volta para a casa do pai depois de velho por conta de problemas conjugais com a esposa e depois de ter pedido demissão do emprego. O pai divide a casa com Bruna, garota que aluga um quarto para poder morar perto da faculdade. Enquanto passa por essa depressão e tenta arrumar emprego para fugir da casa do pai, ele começa a receber pacotes sem remetentes que possuem vínculo com o escritor William Burroughs, e Junior vai atrás do sentido de estar recebendo aquela tralha toda.

O conceito parte das questões básicas da obra do mestre como a obsessão e o homem comum do século XXI, sempre com o recorte forte da sua hipocrisia e da sua paranoia em relação a todo e qualquer assunto, principalmente mulheres. O que aparece como novidade são as ideias e temas do já mencionado Burroughs, principalmente o de linguagem como forma de controle, e a parte gráfica do livro, feita pelo próprio Mutarelli, tornando-o ainda mais rico e complexo de se ler, além de mais lindo também.
O projeto gráfico do autor da Companhia é um dos mais bonitos que tem, a capa é maravilhosa e tem ligação direta com a trama, o corte de borda redonda ainda é um charme que eu adoro e o título é o melhor entre todos os livros dele, quem pensou nesse nome não pode escrever mal né gente, por favor. A única reclamação é que o livro é maior que os outros, principalmente em largura, sendo que eu não vi uma real necessidade para ele ser desse jeito. Anyway, não deixem de ler o escritor mais interessante do Brasil atualmente, o mestre Lourenço Mutarelli.